quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Pais e amigos de bebê que precisa de coração fazem panfletagem na capital.



Isabella Fuentes Silva, de cinco meses, sofre de miocardiopatia dilatada.
Ação para conscientizar sobre doação de órgãos ocorre nesta quinta (11).


Pais e amigos da família de Isabella Fuentes Silva, bebê de cinco meses que precisa de um coração novo para viver, fazem panfletagem em frente ao Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, a partir do meio-dia desta quinta-feira (11). O objetivo é conscientizar sobre a importância da doação de órgãos. Eles também realizam uma campanha na internet.
A menina sofre de miocardiopatia dilatada, provocada por um vírus e que afeta o músculo do coração. Ela está internada no hospital há três meses, desde que a doença foi diagnosticada. No fim de janeiro, a criança entrou em coma profundo. De acordo com a mãe, a farmacêutica bioquímica Paula Heidy, de 35 anos, o estado de saúde da filha só tem se agravado.
"Ontem [quarta-feira (10)], a Isa teve uma piora na função cardíaca. Antes, a gente achava até que ia dar para desentubar, mas tem ficado cada vez mais difícil. O quadro de saúde é muito grave, tanto que ela tem prioridade na fila de transplantes. Só precisamos de um doador compatível", explica.
O pai, o analista de sistema Daniel Fagundes da Silva, de 35 anos, reforça a importância das ações realizadas. "A nossa filha está em estado grave e precisa de um coração, mas há outras crianças e adultos na mesma situação. Com a panfletagem, nossa intenção é conscientizar as pessoas e ajudar não só a Isa, mas também outras pessoas que precisam de um transplante", afirma.
Paula, de 35 anos, e a filha Isabelle, de 5 meses (Foto: Paula Heidy/Arquivo pessoal)Paula, de 35 anos, e a filha Isabella, de 5 meses
(Foto: Paula Heidy/Arquivo pessoal)
A história de Isa
A mãe conta que a doença de Isabella foi descoberta quando a menina tinha dois meses. "Os sintomas foram aparecendo, mas nós, pais de primeira viagem, nem desconfiávamos de um problema cardíaco. Ela não ganhava peso e nem conseguia mamar no peito. Cansava fácil e era pálida", relata.
Ainda de acordo com a mãe, os pediatras não conseguiram identificar a doença a princípio. Até que um dia, durante um banho de ofurô, que era para ser uma atividade relaxante, a bebê passou mal. "Em vez de relaxar, ficou roxa, chorava sem parar e desmaiou", lembra. Paula conta que ficou desesperada e que ela e o marido fizeram até mesmo massagem cardíaca.
Foi aí que os pais internaram a criança. Isabella passou por vários exames até o diagnóstico da doença. Os remédios do tratamento acabaram não fazendo efeito e, desde então, a menina segue internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pequeno Príncipe, à espera de um coração novo.
Piora
Antes da última quarta-feira, no fim de janeiro, o estado de saúde da bebê já havia piorado. Com o coma profundo, o coração ficou ainda mais fraco e não consegue mais bombear sangue para todo o corpo. O fígado e o pulmão, por exemplo, já falharam; foi necessário fazer diálise e entubar.
Por conta dos últimos acontecimentos, a farmacêutica bioquímica precisou deixar o emprego. Agora, ela passa o dia todo no hospital, ao lado da bebê. "Chego às 8h e vou embora só perto das 23h. Agora, por causa do coma profundo, eu até volto para casa para tentar dormir, mas é difícil. Fico só pensando nela e com medo de algo pior acontecer", diz.
Paula explica que têm sido difícil encontrar um doador com a faixa etária e peso (em torno de cinco quilos) semelhantes aos da bebê. "O doador também precisa ter tido morte encefálica. Em casos assim, os órgãos continuam funcionando normalmente. Acredito que seja difícil aceitar a doação porque os pais olham o coraçãozinho batendo e ainda têm esperança", afirma.
Bebê está internada na UTI do Pequeno Príncipe há três meses (Foto: Paula Heidy/Arquivo pessoal)Bebê está internada na UTI do Pequeno Príncipe há três meses (Foto: Paula Heidy/Arquivo pessoal)
Doações de órgãos no PR
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Estado, no ano passado, foram registradas 795 mortes encefálicas no Paraná.


A morte encefálica é a interrupção irreversível das atividades cerebrais. Ela é, geralmente, causada por traumatismo craniano, tumor ou derrame e dificilmente há dúvidas no diagnóstico. A avaliação sempre é realizada por dois médicos de áreas diferentes que examinam o paciente e realizam exames para comprovação, conforme a secretaria.

Para a Central Estadual de Transplantes, muitas famílias recusam a doação de órgãos por não compreender ou não acreditar na morte encefálica.
Ainda de acordo com dados do governo, das 795 mortes encefálicas, houve doação de órgãos em 300 casos. Nas outras situações, as famílias optaram por não doar. Entre a parada cardiorrespiratória ou alguma outra condição clínica, o motivo mais frequente para que não seja feita a doação tem sido a recusa dos parentes.
"Por isso, acho importante fazer toda essa conscientização sobre a morte encefálica e a  doação de órgãos: para aumentar a possibilidade de vida da Isa e de muitos outros doentes. A morte de uma pessoa pode salvar a vida de pelo menos 10. E é isso que as pessoas precisam entender", reforça a mãe.
Para incentivar doações de órgãos, mãe faz campanha na internet (Foto: Reprodução/Facebook)Para incentivar doações de órgãos, pais fazem campanha na internet (Foto: Reprodução/Facebook)


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